HELLHAMMER

Para muitos, o Hellhammer e o Celtic Frost não são mais do que a mesma banda já que os integrantes por muito tempo foram os mesmos. Para outros, tratam-se de dois grupos de importância ímpar e inegável, mas distintos, que só têm em comum o fato de ter possuído integrantes coincidentes em suas formações. De qualquer modo, as duas bandas estão intimamente ligadas uma a outra, sendo que a forma mais simples de contar sua história é juntando-as.

O Hellhammer foi formado na Suíça, em 1982, pelo guitarrista e vocalista Thomas Gabriel Fischer, mais conhecido pelo pseudônimo de Tom Warrior. A formação durante essa época modificou-se inúmeras vezes, mas sempre contando com Tom a sua frente. Suas principais influências eram bandas como Venom, Angel Witch e Cirith Ungol.

 O grupo gravou três demos, “Death Fiend”,“Triumph Of Death”, e "Satanic Rites" no ano de1983, em junho, julho e dezembro, respectivamente. O material contido nessas fitas era por um lado primitivo e simplesmente “anti-musical”, pois os próprios integrantes admitiam que na época não sabiam tocar seus instrumentos. 

Mas por outro lado, era um trabalho que foi considerado como inédito pela sua criatividade, algo jamais visto anteriormente. Era essencialmente Heavy Metal, porém possuía a energia e simplicidade musical que o aproximava do Punk. Essa agressividade não encontrava paralelos no cenário musical da época Os riffs sujos e graves, a voz gutural e o trabalho de baixo e bateria mais veloz que o usual são os elementos chave de suas composições. 

Estes fatores somados a imagem sombria que o grupo apresentou desde então, contribuiram para complementar o mito: estava surgindo ali dois gêneros musicais, o Death Metal (que mais tarde teria seus contornos definidos) e o Black Metal (embora esse nome só seria dado ao estilo com o lançamento do clássico disco homônimo do Venom, de 1982).

O Hellhammer tornou-se uma unanimidade no Underground Metálico e Tom Warrior uma verdadeira lenda, apesar das constantes acusações sempre assumidas por eles, lembremos, de incapacidade musical. ainda em 1983, a formação se estabilizou com Tom Warrior nos vocais e guitarra, Martin E. Ain no baixo e Bruce Day na bateria. 

Em 1984 o Hellhammer participou da coletânea "Death Metal", da gravadora Noise Records. Esse trabalho contou também com as participações das bandas Dark Avenger (Alemanha), Helloween e Running Wild. As faixas apresentadas pelo Hellhammer foram "Revelations of Doom" e "Messiah"

E finalmente em março do mesmo ano é lançado o clássico EP “Apocalyptic Raids”, uma das gravações mais importantes do Heavy Metal nos anos 80.


Embora tenha sido produzido em condições precárias e possuindo erros de execução evidentes na gravação, o disco foi imediatamente elevado à categoria de obra-prima pelos cultuadores do grotesco trio.

As quatro músicas do EP, “The Third Of Storms (Evoked Damnation)”, “Massacra”, “Triumph Of Death” e “Horus/Agressor” são até hoje vistas como pérolas do estilo, e este registro é considerado como item obrigatório na coleção de qualquer fã real de Death Metal.

Pouco após o lançamento de “Apocalyptic Raids”, Stephen Priestly entrou no lugar de Bruce Day. Contudo, as habilidades musicais do trio começaram a se expandir e a limitação do material do Hellhammer já não mais coincidia com seus objetivos. Por isso, ainda em 84, os três acabam com o conjunto e formaram o Celtic Frost, com a mesma formação. Talvez seja esse o motivo pela qual muitos encaram ambas as bandas como sendo uma única.

No ano de 1990 ensaiaram um possível retorno do Hellhammer, com o relançamento de "Apocalyptic Raids 1990 A.D.", tentativa essa não assumida oficialmente pelos músicos. A nova versão do EP contava com nova ilustração de capa e com mais duas canções gravadas, "Revelations of Doom" e "Massacra", e conta com um resumo escrito pelo próprio Tom Warrior sobre a história do Hellhammer.

Após um longo período sem lançar nenhum registro sobre o Hellhammer, já que os músicos estavam ocupados com as atividades do então Celtic Frost, é lançado em fevereiro de 2008 a coletânea "Demons Entrails", que podemos encontrar nos formatos LP triplo e CD digipack duplo. Essa compilação conta com todas as canções já produzidas pelo Hellhammer em suas demos anteriores, porém foram remasterizadas com tecnologia atual. Sua capa traz uma arte que relembra a gravura da versão original do clássico "Apocalyptic Raids", os álbuns juntos totalizam quase duas horas de música.

Esse foi o último trabalho oficial lançado do Hellhammer. Até o presente momento não há nada confirmado pelos músicos sobre um possível retorno dessa grande horda que motivou tantos outros em seus trabalhos, seja pela agressividade e simplicidade de suas composições ou pelo respeito e admiração dos seus milhares de fãs espalhados pelo planeta; méritos conquistados por se tratar de um trabalho original e honesto, e características exigidas por todos adoradores da Arte Extrema Mundial.